A Reconciliação que Restaura e Transforma
Reflexão sobre a Liturgia do 4º Domingo da Quaresma (Ano C)
A liturgia deste domingo nos conduz ao coração do mistério da reconciliação e da misericórdia divina, revelando um Deus que está sempre disposto a acolher e perdoar seus filhos. A caminhada quaresmal nos convida a renovar nossa relação com Deus e com os irmãos, especialmente reconhecendo as falhas e buscando a reconciliação. As leituras destacam a passagem da antiga para a nova aliança, a nova criação em Cristo e a parábola do filho pródigo, que expressa a ternura e o perdão do Pai.
1. Da escravidão à liberdade, da vergonha à dignidade (Js 5,9a.10-12)
O povo de Israel, após atravessar o Jordão e entrar na Terra Prometida, celebra a Páscoa. O maná que os sustentava no deserto cessa, pois agora se alimentam dos frutos da terra. Deus removeu a vergonha do cativeiro e inaugurou um tempo de liberdade e prosperidade.
-> Na vida cotidiana, também enfrentamos momentos de escravidão e insegurança, nos quais parece que o sustento de Deus desaparece. Às vezes, nos acostumamos tanto com o “maná” diário que temos medo de enfrentar as novas oportunidades que Deus nos apresenta.
+ Somos chamados a perceber os sinais de Deus em nossa jornada e a não temer as mudanças. A travessia da vida requer confiança no Senhor, que nos conduz da escravidão do pecado à liberdade dos filhos de Deus. Precisamos acolher com gratidão os dons que Ele nos oferece e avançar com coragem para um novo tempo de esperança.
2. A nova criação em Cristo nos reconcilia com o Pai (2Cor 5,17-21)
Paulo afirma que aquele que está em Cristo é uma nova criação, reconciliada com Deus por meio de Cristo. A antiga condição foi superada, e agora somos chamados a ser embaixadores da reconciliação, levando a mensagem de perdão e misericórdia ao mundo.
-> A sociedade atual, marcada por divisões e conflitos, necessita urgentemente de testemunhos autênticos de reconciliação. Muitas vezes, nos deixamos levar pelo orgulho e pela mágoa, evitando perdoar e promover a paz.
+ Como discípulos de Cristo, precisamos assumir o ministério da reconciliação em nossas famílias, comunidades e ambientes de trabalho. É necessário romper com ressentimentos antigos, abrir-se ao perdão e promover a harmonia, reconhecendo que Deus nos reconciliou primeiro em Cristo. A conversão pessoal é o ponto de partida para um mundo mais justo e fraterno.
3. A misericórdia de Deus supera nossos erros (Lc 15,1-3.11-32)
A parábola do filho pródigo revela o coração misericordioso do Pai, que acolhe com alegria o filho que retorna após desperdiçar toda a herança. O irmão mais velho, por outro lado, não consegue aceitar o retorno do caçula e demonstra um coração endurecido pela inveja e pelo orgulho.
-> Na sociedade contemporânea, quantos de nós repetimos a postura do filho mais velho, incapazes de perdoar e acolher aqueles que erraram? Às vezes, ficamos presos a um rigor moral que nos impede de viver plenamente a misericórdia e a alegria do reencontro.
+ A Quaresma nos desafia a romper as barreiras da autossuficiência e do julgamento, permitindo que a graça de Deus nos transforme em sinais de acolhimento e perdão. É tempo de nos reconciliar com aqueles que ferimos e também com aqueles que nos feriram. Que a misericórdia prevaleça sobre a dureza do coração.
Inspiração para o Agir Cotidiano
O Pai misericordioso nos ensina que o amor supera qualquer erro e que sempre há esperança de reconciliação. Somos chamados a viver esta realidade em nossas relações, acolhendo o outro com generosidade e oferecendo perdão com sinceridade. Que nossas atitudes reflitam a alegria do Pai que celebra o retorno do filho perdido, transformando rancores e distâncias em abraços de reconciliação.
Por Harlei Noro | Reflexão bíblica com apoio GPT.